Seria a morte o caminho sinuoso mais fácil de ser alcançado para que o descanso fosse realmente sentido? Morrer trás-me ás lembranças frases que eu próprio não mais consigo apagar, a morte leva-me a caminhos que outrora já percorri e daí memorizei cada traço desse caminho pisado por mim.
Viajei por estradas sinuosas que me levaram a ostracizar o que nunca percebi, deixei levar-me por descobertas outrora vangloriadas por personagens que nunca da minha história fizeram parte, personagens que nunca desenhei, personagens que nunca no meu estado lúcido ou flutuante dei vida sequer! Sinto que por vezes sou mais que uma pessoa apenas, sou um "eu" de várias cores e de vários feitios, um "eu" que se ilude com o brilho mais esbelto e um "eu" que ao mesmo tempo amolece aquando do brilho mais sincero!
Desenhei mais um rabisco num pedaço de papel, num papel achado de entre um bolso que nem sabia sequer que podia existir, desse papel soltei um sol, um brilho, um rasgo de vida que nunca mais se endireitou, dessa vida suou a noite, abrilhantou-se de dizeres e vangloriou-se de factos de que nunca eu próprio teria tido imaginação para sonhar sequer... Personagens que criei por forma a não dar a morte à personagem que eu nunca consigo controlar, a minha própria personagem, a personagem que eu encaro nos momentos lúcidos e de realidade constante.
Sonho um dia em conseguir acordar e reabilitar-me das toxinas da vida que me intoxicam o espírito e o desviam do seu caminho correcto, do caminho que pode um dia levar-me à felicidade que de certa forma nunca vivi ou sequer descobri!
Sonhar, será que os sonhos são mais uma das minhas personagens? Dos sonhos que sonho são poucos os que me lembro, mas dos que me lembro tento transformar-los em conquistas de uma vida vazia de adrenalina e sinceridade, elevo o transporte da angústia como uma tocha nos Jogos Olímpicos, a tocha que deverá iluminar cada passo que darei ao encontro do que já não me lembro, do que perdi de mente pelas histórias duplicadas das personagens que ganharam vida própria sem que eu próprio me apercebesse, das vidas que criei com o único sentido de nunca morrer, de me tornar eterno por entre os desejos daqueles que um dia se lembrarão de cada um de mim mesmo!
Seria a morte o caminho mais acertado?
Nunca o saberia responder mesmo que soubesse todas as respostas, pois a sabedoria total nem no seu condão da plenitude me traria o sorriso, aquele sorriso sincero que aparece quando nos acontece quando nada estava previsto, quando tudo é ao acaso. Somo mais um dia, um dia sem descanso, um dia que me escondo da verdade de cada uma das minhas personagens que nunca dei vida mas vivem dentro de mim sem autorização.Sombrio? Demasiado sombrio para meu próprio espanto mas, sinceramente, anseio o que nunca me esqueci de sonhar, e espero que mesmo com sofrimento, possa voltar a sorrir num daqueles dias que de certa forma serei apanhado ao acaso!