Da sinceridade nasceu a minha vontade de ser verdadeiro, uma vontade de elevar a minha verdade perante as sombras que teimavam em escurecer as palavras que somente pensava. Foi dessa sinceridade que simplesmente ergui a cabeça para te tentar dizer tudo o que me vinha do coração, para te dizer as coisas que jamais pensaria em dizer noutra altura. Escondi o rosto que tenebrosamente se mantinha impávido e sereno nas escondidas várias faces que nem eu pensei que poderia um dia ter, disse-lhe, disse-me a mim mesmo as coisas que precisava de ouvir, sem cartas, sem palavras bonitas inspiradas num romance barato que se compra junto das paragens do autocarro… Desta vez as palavras vieram de forma tão natural que certamente foram tornadas “curtas e grossas”, esqueci, simplesmente esqueci o que afinal te queria dizer, já não disse nada e fugi novamente por entre as sombras que teimavam em continuar a pairar sobre a minha cabeça, ideias, talvez pensamentos picuinhas de certezas que nunca tive.
Ver-te certamente que bem não me faz, pelo contrário, faz-me pensar nas coisas mais atrozes que poderia algum dia pensar, coisas que penso quando te vejo, coisa que penso sem necessidade alguma de soltar em palavras, talvez um amor platónico… Amor platónico, palavra que certamente poderia empregar caso quisesse catalogar cada suspiro que já deixei passar por ti, mas não consigo catalogar as palavras que vêem do cerne de uma questão que nunca atingiu a sua real maturidade! Pensar em ti eleva-me a mundos que desconheço, ter-te apresentada a mim mesmo como parte de mim seria a cereja num bolo que me deliciaria por entre as noites frias e escuras que passam enquanto por ti penso! Esqueço-me de ti, esforço-me por isso, tento não me recordar de cada dia em que os meus olhos suplicam por um olhar teu… Esqueço, um esquecimento inglório de quem nunca quis realmente te esquecer, de alguém que tenta mas não consegue, de alguém que se fragilizou a si mesmo pela ansiedade de falhar, num falhanço em que já saberia quais as desculpas próprias a dar, as desculpas que se enquadrariam na negação lógica de um medo inglório!
Certamente as palavras são o que se quer dizer delas, muitos amores de verão são esquecidos, muitas palavras declamadas nas noites frias de inverno são congeladas, muitas, muita muitas coisas são deixadas para trás, mas, e o “É a ti que eu quero”? Onde é que se enquadra a possibilidade de apagar essa vontade? Não se apaga, simplesmente ignoro para que eu possa sorrir de uma outra forma…
Tornaste no suspiro que derramo na sinceridade das palavras que com verdade declamo, que com verdade declamo por ti… Deixa-me não me esquecer de ti, sem cinismos, sem mentiras, sem sinónimos que possas encontrar para a tua palavra…
Sonhos de papelão, de um papelão gravado com a vontade se ser um ser que te eleve no teu universo, de forma tão esplendorosa que todo o teu universo colida com o meu formando apenas a simples vontade sincera de ser feliz!
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