terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ocasião


Se existe coisa que hoje me apercebi é que não existe tal coisa como destino, tudo se baseia na casualidade do acto singular de apenas viver, de viver cada segundo naturalmente despreocupado. Deixei-me perder por vários dias que seria o destino que me levaria ao encontro da felicidade estrema, mas hoje acordei na realidade que não, não existe tal coisa a guiar os nossos passos, tudo nasce na naturalidade simples da ocasião! Vislumbrei-me com tal presença na minha mente que divagava perdida por si mesma, apercebi-me que tudo o quanto acreditava nada era como outrora pensei, tudo era diferente, e eu, eu joguei o jogo completamente do seu avesso! Cada jogada foi uma jogada extremamente mal jogada, sem sentido, sem nexo, sem qualquer mais valia para mim, para a minha sombra que permanecia adormecida! Um momento, um desejo, um sonho, um beijo, uma vida... Ocasiões apenas, meras ocasiões que continuava a designar de destino, a ocasião que perdi naquele instante em que olhei nos teus olhos, a ocasião que deixei fugir sem saber porque me direccionei num destino inexistente que me levava até ti! Um destino que me comandava sem nunca existir, aceitar o destino foi como me render ao que já não podia mais lutar... Um momento de amor, melhor, uma ocasião para amar. Vivi dias demasiados longos preso num pensamento que era somente teu, dias que teimavam em não mudar a cor, a temperatura, dias que teimavam em ficar estagnados naquele instante, ou melhor, que eu teimava em o estagnar! Tudo á sua volta era inexistente, a existência que determinava as minhas decisões era a presença inexistente do destino que teimei em acreditar! Mais uma vez, o dito destino, mas que destino é esse que sempre acreditei e que hoje não acredito mais? Será porque foi esse o destino que fez permanecer dentro de ti naquela noite? Hoje sei que não, hoje sei que foi a ocasião meramente casuística, aquela louca ocasião que nós próprios nos propusemos a que acontecesse! Certo? Então e se foi isso onde é que entra o destino? Sim já sei o que pensas, na tua cabeça gera-se a simples afirmação "mas para isso acontecer teve que o destino nos apresentar"...
Mas perdida na sombra desse destino deixamos envelhecer a ocasião que jamais retorna, vivendo apenas nos persupostos contornos de um destino que nunca existiu!

E se te conheci... Bem, isso foi ocasionalmente, num lugar, numa hora, num momento, naquele segundo, naquele beijo!



http://www.youtube.com/watch?v=rxQ6HR9UbA0&feature=related

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ouvirei um dia!

Ouvirei um dia os pardais falaram por entre as brechas da minha janela, ouvirei um dia o sussurrar do vento dizendo aquilo que o faz mover, ouvirei um dia os próprios sonhos que por mim foram sonhados e nunca entendidos, ouvirei um dia o seu chamamento, o chamamento que terá a tua voz, a tua doce e angelical voz, a voz que me embalou, a voz que me educou, a voz que me esculpiu a personalidade forte que hoje tenho! ouvirei um dia o sol a acordar, ouvirei um dia o mar a chamar o areal que o abraça, ouvirei um dia as nuvens reflectirem por toda uma história que nunca perceberam, ouvirei... ouvirei um dia... E quando ouvir, certamente o meu corpo permanecerá quieto, gélido, pálido e sereno enquanto o meu espírito abraçará as margens do rio Tejo, o rio que banhou a cidade, o rio que tantas vezes o aconchegou! Ao ouvir todos esses sons destemidos e puros, o corpo será somente uma massa inexplicávelmente indiferente a toda a razão que venha a existir... Mas sim ouvirei um dia, mas não hoje, hoje dormirei o sono dos justos, o sono de quem não teme pois foi leal a si mesmo... Quando ouvir... Quando ouvir é porque atingi o meu destino, e aí, bem aí certamente irei florir como o sol num acordar de verão!

domingo, 15 de novembro de 2009

Segredos na areia


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E se o amargo que sentes na boca provem do sabor do sol que tanto nos alegrou, sorri, sorri porque esse mesmo sol cessou, deu lugar à chuva gélida e pálida que nos fará repensar sobre a realidade que jamais se tornou! Deixou que tanto de nada nos desse sonhos a não sonhar, nos desse as tintas que espalhamos na calçada, no areal de uma praia que irá manter em segredo todas as palavras gravadas numa areia que o mar já levou. Do seu sentimento nada mudou, continua a ser o mesmo, o mesmo primeiro amor, o mesmo primeiro de muitos amores, mas somente o único primeiro, talvez sem o desfecho esperado, mas isso são águas que não se controlam… Águas que hoje são trazidas pela chuva de um Novembro de verão, de um Novembro que me relembra uma tarde de Agosto, de um final de tarde de que gostei mas que anseio por esquecer, que anseio por apagar das memórias teimam em não sair, cravando no rosto impávido e deslumbrado um sorriso morto, um sorriso que se deixou morrer por entre as águas mergulhadas de um corpo desnudado e frio! Deixou-se levar, marcou no seu tempo as horas que já não largava, as horas espelhadas num relógio partido, de um relógio que teima em tentar parar o tempo!


Tempos continuaram e avançaram por entre as mágoas de dois sois, dois corpos, de dois seres… Deitei-me ao lado de um passado eternamente desejado, de um passado que não deixei apagar, que não deixei fugir… Um passado que queria apagar mas que o guardo como que um elixir para os sonhos que me deste! Do teu passado nada sei, saltei um capitulo que se prendeu por meros agrafos soltos, tão soltos que te levaram de mim por duas vezes, por dois momentos que nunca percebi, mas que também nunca quis ou tentei perceber, foram apenas dois momentos que aceitei com a mágoa com que sempre aceito! Juras e promessas, explicações de algo inexplicável são o que deixo que o areal guarde nos seus segredos, junto aos segredos e juras de mais momentos que por ali foram gravados… Os meus, bem, esses gravei-os junto ao mar para que o mar os leve e os deixe partilhados com os seus repousos… Um dia, quem sabe, um dia encontrarei de volta esses segredos, os segredos que guardei, que serão os segredos que desvendarei contigo e passarão a ser os nossos segredos, até lá, esses segredos não passarão apenas de segredos perdidos por entre as areias que são banhadas pelo mar gélido de um verão quente!

domingo, 8 de novembro de 2009

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Até a perfeição é imperfeita no seu final!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cada vez mais sonhador



Se do sonho que me deste não o querias que eu sonhasse, então porque é que mo mostraste o seu doce sabor? Deste uma perspectiva de um mundo com que sempre sonhei, sem imagem, sem certo ou errado, apenas pelo real sabor do que deve ser intensamente vivido… Esqueço os arredores dos parâmetros de escolhas que teimam em sobressair pelos aspectos que devem ser ou não decisivos e decido pelo simples motivo do meu real sentimento. Eliminei as barreiras que teimavam em me prender em quatro paredes, eliminei-as e deixei que o teu mundo entrasse no meu, rápido e eficaz, feroz e mortal como um punhal que rasgou a pele junto do meu peito, uma pele cansada de sofrer pelo bater do coração que teimava em se soltar de uma prisão inapropriada a sua imagem! Sem procurar deixo-me levar, deixei-me e tu… bem tu mais uma vez demonstraste o poder de uma mente fraca e indefesa, agarraste no ponto fraco do meu ser e utilizaste-o a teu belo prazer, utilizaste-o através de um sonho, um sonho de menino inocente que deixei de ser mas que me fizeste voltar a viver, e depois de o viver, cortaste todo o seu ramo como que deixando desamparado, sem forma de me conseguir manter de pé… Para ti foi todo normal, uma simples e inocente noite, uma noite marcada por corpos suados que teimavam em suar a cada segundo que corria, sinceramente deixei-me levar pelas inocências que tanto teimei em gozar nos rostos que via sonhar, desta vez calhou-me a mim… Já se passou o seu tempo de sofrimento, se sofri, nem sei bem, talvez tenha apenas acordado, despertado e por esse facto não sei se poderei dizer ou catalogar o sentimento que vivi, se voltava a repetir, sim voltava ou não fosse eu o eterno sonhador quando estou ao teu lado!



Palavras de alguém cada vez mais sonhador!




http://www.youtube.com/watch?v=j7qtLrQVUFQ&feature=fvst

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Parece...




Parece que o mundo simplesmente parou, estagnou, parece que o mundo deixou de rodar, que o tempo congelou por entre os ponteiros dos velhos relógios que teimavam em controlar os segundos que deixava viver a cada dia! Parece que o mundo deixou de ser o que sempre foi, o mundo não sorri mais, ou possivelmente serei eu que já não sei sorrir e como tal poderei não conseguir contemplar o esplendor do sorriso que não vejo mais! As cores suprimem-se, fogem deixando tudo o que existia no simples preto e branco, mais preto que branco, num cinzento que não me deixa sequer ver qualquer outra cor, nem tão pouco o puro e simples branco… O mundo congelou, esfriou, o calor do sol deixou de se fazer sentir, não o sinto mais, o meu corpo está frio como um corpo sem espírito, como o corpo estendido á espera da sua ultima caminhada da decomposição, sinto-me frio, sem espírito, sem sentido e sem qualquer destino… O mundo não roda mais, estagnou, deixou-me perdido sem qualquer caminho a percorrer, o mundo não avança, obrigou o tempo a parar, e eu parei junto… Parei sem qualquer outro motivo que me fizesse avançar, tudo a minha volta avança e eu, eu permaneço no espaço intemporal que teima em que os ponteiros do velho relógio não o contabilizem, tudo á minha volta avança, cresce, e eu, eu não, eu teimo em não avançar, e quando tento o mundo obriga-me a parar no seu eterno purgatório, um purgatório de almas ainda com vida, de corpos que ainda sentem… Dói-me, sinto uma dor incontrolável, uma dor que teima em não passar, uma dor que me prende a uma época que deveria tão pouco ser acompanhada de uma evolução lógica, de uma evolução que teima em não começar em mim… Parece que o mundo… Qual mundo? O meu mundo deixou de existir faz muito tempo, o meu mundo nunca existiu, vivi num retrato inglório de uma vida que não a minha, de uma vida que era vivida e somente copiada por mim, sem decisões, sem ambições, sem qualquer sentido pessoal numa vida totalmente impessoal, por isso deixo que o mundo congele, pare, estagne… Deixo que o mundo me prenda neste segundo que teima em não avançar, e é neste segundo que me prende que suspiro pela corda que me liberta, uma corda entrelaçada no seu próprio corpo que me levará ao tão esperado equilíbrio universal, e será nesse equilíbrio que o tempo prosseguirá novamente o seu rumo, o seu caminho, sem mais qualquer obstáculo… Parece que o mundo simplesmente parou, já não oiço mais os tic tac´s do meu relógio, do velho relógio que teimava em controlar todos os segundos da minha vida!







http://www.youtube.com/watch?v=YlRhs1Wb7wo&NR=