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E se o amargo que sentes na boca provem do sabor do sol que tanto nos alegrou, sorri, sorri porque esse mesmo sol cessou, deu lugar à chuva gélida e pálida que nos fará repensar sobre a realidade que jamais se tornou! Deixou que tanto de nada nos desse sonhos a não sonhar, nos desse as tintas que espalhamos na calçada, no areal de uma praia que irá manter em segredo todas as palavras gravadas numa areia que o mar já levou. Do seu sentimento nada mudou, continua a ser o mesmo, o mesmo primeiro amor, o mesmo primeiro de muitos amores, mas somente o único primeiro, talvez sem o desfecho esperado, mas isso são águas que não se controlam… Águas que hoje são trazidas pela chuva de um Novembro de verão, de um Novembro que me relembra uma tarde de Agosto, de um final de tarde de que gostei mas que anseio por esquecer, que anseio por apagar das memórias teimam em não sair, cravando no rosto impávido e deslumbrado um sorriso morto, um sorriso que se deixou morrer por entre as águas mergulhadas de um corpo desnudado e frio! Deixou-se levar, marcou no seu tempo as horas que já não largava, as horas espelhadas num relógio partido, de um relógio que teima em tentar parar o tempo!
Tempos continuaram e avançaram por entre as mágoas de dois sois, dois corpos, de dois seres… Deitei-me ao lado de um passado eternamente desejado, de um passado que não deixei apagar, que não deixei fugir… Um passado que queria apagar mas que o guardo como que um elixir para os sonhos que me deste! Do teu passado nada sei, saltei um capitulo que se prendeu por meros agrafos soltos, tão soltos que te levaram de mim por duas vezes, por dois momentos que nunca percebi, mas que também nunca quis ou tentei perceber, foram apenas dois momentos que aceitei com a mágoa com que sempre aceito! Juras e promessas, explicações de algo inexplicável são o que deixo que o areal guarde nos seus segredos, junto aos segredos e juras de mais momentos que por ali foram gravados… Os meus, bem, esses gravei-os junto ao mar para que o mar os leve e os deixe partilhados com os seus repousos… Um dia, quem sabe, um dia encontrarei de volta esses segredos, os segredos que guardei, que serão os segredos que desvendarei contigo e passarão a ser os nossos segredos, até lá, esses segredos não passarão apenas de segredos perdidos por entre as areias que são banhadas pelo mar gélido de um verão quente!