quarta-feira, 14 de julho de 2010

Perdida a guerra à nascença...


Hoje poderei querer morrer, morrer sem derrota, morrer como se morresse numa guerra que nunca vencerei por mais batalhas que um dia possa vencer, os olhos atraiçoam mais que qualquer momento, atraiçoam como que amordaçando os pensamentos que se sentem a cada dia que nos faz acordar para mais uma batalha! A história, essa persegue-me deixando-me sem forças para que possa de qualquer forma atacar em qualquer frente, hoje senti-me sem frentes, sem passadeiras, sem qualquer brecha que pudesse de certa forma encaminhar um possível contra ataque a tal sofrimento que me tem acompanhado. Sinto que estarei a ser seguido por uma nuvem negra, carregada de angustia e sofrimento que espalhará toda a sua força nos meus olhos, fazendo-os chover à sua imagem, fazendo-os gritar no seu silencio de que tudo se encontra à sua mercê, à sua vontade, que nem eu nem ninguém será mais que um mero pião no seu tabuleiro de xadrez. Hoje senti que de certa forma até o ser imortal se torna mortal um dia, que os olhos cansados e o sopros tremidos podem um dia acabar apesar do que penso nunca acontecer... Sinto-me como se a cada dia que passa perdesse mais um pouco do que me faz ser quem sou hoje, sinto que posso perder, que afinal ninguém ganha, que no fundo nunca existiu nenhum vencedor!
Sobrepus o que sentia mantendo a cara serrada para cada batalha, mantive-a feroz tal qual samurai que se prepara para mais um episódio épico da sua curta vida. Hoje tornei-me  fraco, tornei-me um subordinado, hoje fiquei como que nada, senti-me nada, senti-me novamente impotente perante toda a sua força... Pensaria nada mais que nada em saber como te ajudar, actuaria sem hesitar em qualquer frente, guerrilhando perante qualquer nuvem que se atrevesse a atravessar este caminho por nós construído, este caminho que construíste sozinho para que de certa forma eu aqui chegasse perante ti, perante toda a tua sabedoria e ensinamento.
Acredito que estas batalhas não são vossas, são minhas...
Acho que tenho algo que me persegue e que desconfio que nunca saberei o porque! Sinto-me como se nunca nenhum combate me fizesse erguer qualquer vitória perante o adversário que eu próprio desconheço... Por mais combates e por mais vitórias a guerra será sempre ganha pela "velha senhora"!



Dedico-te hoje o que sinto pela presença da minha impotência...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Lembranças

Hoje dedicaram-me uma música, uma lembrança de menino, dedicaram-me uma saudade do tempo em que simplesmente o tempo nem sequer existia, um tempo que tudo era bom sem nunca ser perceptível, em que tudo o que acontecia e me fazia sorrir era porque tinha de ser e nunca porque a felicidade tinha batido naquele instante neste corpo incrédulo e cego! Ao ouvir a música retrocedi os ponteiros do relógio, do maior que tinha junto a mim, retrocedi para que eu próprio pudesse retroceder no tempo, retrocedi os ponteiros mas não retrocedi o presente, esse avançava independentemente dos ponteiros que eu teimava em atrasar, avançava correndo cada segundo no seu preciso movimento... Saudade dos meus três anos, da minha infância, dos teus abraços e do que simplesmente representavas, saudades, tamanhas saudades que quando penso ainda me destruo de pensar no que simplesmente poderia estar a viver ao teu lado, destruo-me pelas saudades que sinto, pelas saudades que apertam o meu peito de tal forma que espremem as gotas de lágrimas que pensava já estarem extintas do meu corpo! Pensar em ti é pensar em toda a felicidade que já não tenho, que gostaria de ter mas que simplesmente perdi sem poder sequer achar novamente, perdi-te por entre os ventos que sopraram naquela noite em que simplesmente não consegui adormecer... Estranho... Estranho como uma simples  música pode puxar sentimentos que escondemos, pode puxar as lágrimas que já não derramamos... Estranho... Estranho como uma música que já nem sequer me lembrava que existia poderia ser tão influente em mim, poderia ser tão poderosa ao ponte de me derrubar! Lembrei-me de imensos tempos, tempos que voltaria a viver se eu próprio pudesse viver, ao ouvi-la senti-me como o enforcado, com a corda no pescoço à espera do golpe de misericórdia que tarda em chegar!


Tempos, lembrei-me do tempo em que nem sequer havia tempos, em que tudo era feliz e puro, em que o tempo se baseava somente na claridade do sol, em que o tempo eras tu quem o delineava, em que o tempo era medido pelo tamanho dos teus abraços, tempo, esse tempo que já não vivo, esse tempo que me faz falta, esse tempo que perdi sem ter opção de o poder voltar a achar... tempo... tempo... Tempo que não te dei e hoje me arrependo, o mesmo tempo que passei e sorri contigo, o mesmo tempo que voltaria a viver se conseguisse retroceder os ponteiros do maior relógio que habita na minha casa!