terça-feira, 9 de novembro de 2010

E se um dia...

E se um dia todo o meu corpo desaparecesse?

Deixasse de existir como um simples fumo que se dissipa no crescente continuo do espaço?

A quem faria eu falta?

Que marcas deixaria eu para que pudessem um dia olhar e vangloriar-se na perspectiva de uma mudança para  melhor?

Ninguém...

Somos servos de uma neutralidade que nos afunda no individualismo seco e inglório, somos simples sombras de sombras de outro alguém, somos vento, somos um mero grão de areia que se mistura com milhões de grãos de areia por este mundo, somos apenas e somente o número do nosso documento de identificação.
Pensei eu um dia ser um guerreiro, ser um Samurai e defender a minha honra porque seria dela que me chegaria o meu respeito próprio, o respeito da própria vida por este seu servo. Pensei eu um dia agarrar todos os desafios que chegassem até mim, agarra-los e vence-los com a dignidade e honestidade que apenas um Samurai conseguiria transmitir. Acordar, respirar o pouco vento que chega até mim, seguir e aperfeiçoar cada movimento, obrigar-me à entrega total pelo prefeccionismo do meu combate, da minha arte. Pensei eu um dia conseguir ser o que sempre desejei ser, um Samurai que olha em torno do mundo com o respeito que o próprio mundo merece, que olha e respeita o inimigo, porque também o inimigo é filho e rebento da Natureza, da mesma Natureza que o gerou a também. Pensei eu um dia ser esse Samurai, travar as minhas batalhas no limite da própria exaustão e sorrir quando tombar, sorrir porque cumpri o dever de honrar o meu nome. Mas, apenas sonhei, e um sonho é apenas um sonho, e o que pensei eu poder vir a ser um dia, certamente não passará de um pensamento, de uma imagem que poderei guardar... Nunca serei o Guerreiro que mudará seja o que for, nunca serei mais que uma sombra das sombras de outras pessoas, nunca serei mais que um mero número impresso no documento que simplesmente me identifica e me dá identidade! Nunca serei aquele Guerreiro, aquele Samurai, que pensei um dia vir a ser.
Isto porque morro nas sombras dos pensamentos, destes pensamentos que me matam, e que me destróiem de uma forma lenta e dolorosa!

Isto, apenas porque um dia sonhei que poderia ser o que nunca foi traçado para mim!